sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Atravessando as cercas embandeiradas que separam os quintais

Parafraseando Dostoievski, vou escrever aqui as minhas notas de primavera sobre impressões de outono: o que marca os países são as suas culturas, não suas delimitações políticas. O ser humano se distingue na sua crença, língua, modos de comportamento, mas se unifica em suas emoções, aí está a literatura em seu complexo e amplo processo de imitação do real. Andar por um país "estranho" causa ao mesmo tempo expectativa e êxtase. Reconhecer(-se) a todo momento, identificar(-se) pela diferença ou semelhança. Desci em Lisboa, cujo aeroporto já não comporta mais a demanda (daí, talvez, os motivos de ter a mala extraviada por duas vezes). Os ônibus que ali passam são um saldo positivo para se locomover pela capital portuguesa e chegar até as principais estações, aí sim, servir-se de trens (comboios), metro, ônibus (autocarros) que partem para várias regiões de Portugal e até para a Espanha, sem longas esperas. Em duas horas cheguei à Évora, região do Alentejo (pois o rio Tejo corta Lisboa). Nessa mesma região conheci Estremoz, Borba, Vila Viçosa (onde nasceu Floberla Espanca) e Beja, essa última, depois de Évora, a que mais me impressionou, pelo Castelo, a organização da cidade, uma biblioteca maravilhosa e claro, o convento em que viveu Mariana Alcoforado. Évora é linda, as igrejas, monumentos, castelos, praças, o povo cordial. Está cercada por grandes muralhas, pois ali viveram vários príncipes. Toda a região do Alentejo é cercada por vastos campos: é uma importante região vinícola. De Portugal fui a Roma, três horas de voo. O ponto positivo é a estação de trem, que fica no próprio aeroporto. De lá, fui à estação Termini, a trinta minutos, no centro de Roma. Dali, vários ônibus, trens e metrô possibilitam ir a todos os pontos da cidade, sem grandes dificuldades. Um bilhete de 3,70 euros é válido nos transportes por todo o dia. Assim, visitei as praças, a Fontana de Trevi, o Panteão, o Vaticano e o Coliseu, esse é incrível: ao lado da estação do metrô Colisseo, é a expressão máxima do que é Roma: a modernidade ao lado de tanta história, monumentos gigantescos de séculos, gente de todo o mundo caminhando lado a lado enquanto a cidade precisa continuar em seu cotidiano. Ouvir e falar com os italianos, esse belíssimo idioma, passear pala Vila Borghese, um imenso parque com teatro, cinema, bares e restaurantes, muitas estátuas de escritores, como Goethe, Gogol, Victor Hugo. Enfim, é inesquecível estar caminhando naquelas ruas, apreciando o que nem o tempo conseguiu destruir, embora haja sido constantemente tentado pelas mãos dos homens.

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