sábado, 21 de julho de 2012

Novo Aeon - em construção



Uma possível interpretação da letra de Raul Seixas, uma das minhas preferidas.

Novo Aeon 

(Aeon é uma era, um período, um ciclo filosófico thelêmico de aproximadamente 2000 anos que se completa para a entrada de um novo período, é a continuidade da existência que não pode mais se estruturar nos períodos anteriores. Estamos sob o Aeon de Hórus). Telêmaco, filho de Ulisseu, o Odisseu (Odisséia)?

O sol da noite agora está nascendo
Alguma coisa está acontecendo
Não dá no rádio nem está
Nas bancas de jornais

(a música fala sobre revelações e descobertas, que retiram as pessoas de um conhecimento condicionado, culturalmente implantado, o qual as aliena, a cotidianidade, como citou Heidegger, o "Dasein", para a busca da essência, a comunhão do ser-aí. Sol da noite, é o novo sol, o da libertação, o que realmente ilumina e clareia. Clara relação entre o saber - sol - e a ignorância - noite. Essa mesma expressão antitética, paradoxa ou oxímora, sob um viés romântico, pode ser encontrada na música "Noites com sol", de Flávio Venturini: "pode abrir as janelas, noites com sol são mais belas, deixa o sol entrar". Há uma anunciação, "alguma coisa está acontecendo", e a notícia não chega pela mídia de massa, aquela que deturpa, o rádio, os jornais, mas se reflete nas alterações de comportamentos e na implantação de uma nova ordem moral. Vale lembrar o que Raul disse sobre os jornais na música Cowboy fora da lei: "eu não preciso ler jornais, mentir sozinho eu sou capaz").

Em cada dia ou qualquer lugar
Um larga a fábrica, outro sai do lar
E até as mulheres, ditas escravas,
Já não querem servir mais

Ao som da flauta
Da mãe serpente
No para-inferno
De Adão na gente
Dança o bebê
Uma dança bem diferente

O vento voa e varre as velhas ruas
Capim silvestre racha as pedras nuas
Encobre asfaltos que guardavam
Hitórias terríveis

Já não há mais culpado
nem inocente
Cada pessoa ou coisa é diferente
Já que assim, baseado em que
Você pune quem não é você?

Ao som da flauta
Da mãe serpente
No para-inferno
De Adão na gente
Dança o bebê
Uma dança bem diferente

Querer o meu
Não é roubar o seu
Pois o que eu quero
É só função de eu

Sociedade alternativa
Sociedade novo aeon
É um sapato em cada pé
É direito de ser ateu
Ou de ter fé
Ter prato entupido de comida
Que você mais gosta
É ser carregado, ou carregar
Gente nas costas
Direito de ter riso e de prazer
E até direito de deixar
Jesus Sofrer