domingo, 9 de janeiro de 2011

O Segredo da Crisálda - lançamento

No dia 29 de janeiro deste ano, na Rua Henrique Schaumann, 777, será lançado o livro O Segredo da Crisálida, no qual participo com o poema Écrivaillerie. A opção pelo título em francês surgiu por dois fatores, um empírico, outro expressivo. Empírico porque na época em que o escrevi, há um ano, estava fazendo um curso intensivo de francês, expressivo, porque o significado desta palavra, que deve ser de alguma forma buscado pelo leitor, revela, ou ao menos contribui, para a formação do significado do próprio poema, em sua temática. Ao falar de amor, compõe-se a fala sobre o fazer poético, tema principal deste poema.

Esta é a minha terceira paricipação em antologias, duas de poemas e uma de contos, e fiquei muito feliz ao receber o miolo da obra. Na apresentação, Andréa Catrópa, organizadora da obra, doutoranda em teoria literária e coordenadora do programa Ondas Literárias, escreve que "no caso da temática, predominam textos que recorrem a tópicos tradicionais da lírica, como o amor, o tempo, a indagação metafísica e os questionamentos sobre o próprio fazer poético. Mas surgem, também com força, referências a elementos da fantasia e do sobrenatural, recorrendo a um encadeamento narrativo que permite a criação de mundos paralelos, não referenciais às situações cotidianas."

Nesta antologia, predominam os autores ligados às áreas das Letras, de graduandos a doutores, mas também participam profissionais de outras áreas do conhecimento, como historiadores, roteiristas, bibliotecários, geógrafos e jornalistas, enriquecendo o conhecimento de mundo que permeia os textos.

Em Ecos da Alma, publiquei dois poemas, um que fiz imediatamente após receber um e-mail de alguém com quem convivi e por quem tive um sentimento muito intenso e bonito, mensagem que trazia um pouco da temática nela expressa, e outro que escrevi em Portugal, sob a estátua da poetisa Florbela Espanca, na praça de Évora. Dois momentos inspiradores. São pequenos recortes de experiências que vou construindo lentamente, e que na gaveta, ou melhor, pelas pastas do Windows, vão constituindo uma antologia própria.

Nossas palavras


Diga-me tuas palavras,

Aquelas que gosto de ouvir,

Que ressoam pela tua língua no meu corpo.


Direi também as minhas,

Coladas com os teus sons,

Quando nossas línguas se tocarem entre si.


Assim se dirão as melhores frases,

As mais intensas e poéticas já construídas,

Cheias de tons, estilo, imagens e símbolos.


Não queiram estudar a nossa sintaxe,

Somente nós a entendemos, só nós sabemos explicá-la.

Faz-me calar, aliás, faz-me dizer apenas as nossas palavras.


Vozes da poesia


Posso sentir as palavras que o vento me traz,

Mais do que isso, posso vê-las.

São cantadas por Mariana e Florbela,

Correm os vastos campos do Alentejo,

Alimentando os ares de vinho e cores.


Homens passam, carros passam, os dias passam,

Contudo, cá e lá estão os versos de amor,

Os versos de dor, os versos de alma.

E a condição de ser humano se renova

Termina o poema, permanece a poesia.


Lê-lo, pois, é permitir extasiar-se,

Destruir as aflições pertencentes ao cotidiano,

Por poucos minutos, em que enxergamos

Com os olhos do poeta, com a música da poesia.

Passamos a ouvi-la pela eternidade dos anos.


A matéria palavra


As palavras pesam, em silêncio,

As pessoas não,

Pois são imagens retidas no tempo,

As palavras, no coração.


No coração se sente a dor maior,

Do que o tempo não matou,

As palavras, vivas no pensamento,

São eternas em seu pesar.


Não me livro das palavras,

No meu livro, não são sons, são matérias.


Um comentário:

  1. Até esqueci de comentar que a capa deste livro é parecido com a capa do albúm "Dark Clouds in a Perfect Sky" da banda Elis, que eu gosto muito..rs

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