terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Pare o mundo que eu quero descer!!!

O Ministério do Turismo é um dos mais disputados, já que com os jogos internacionais de 2014 e 2016, transitará por ele quantias estratosféricas. Pedro Novais, o ministro convocado por Dilma, assume já com uma denúnica de desvio de dinheiro público, R$ 2.000,00, para pagar a conta de uma festinha para casais em um motel no Maranhão. O jogo pelo poder e a disputa por cargos já cheira muito mal. O mundo está cada vez pior, as pessoas estão se devorando de todas as formas, há poucas válvulas de escape a nossa disposição e temos que estar muito atentos a elas, pois os interesses vis estão enchendo nossos corações e mentes de gás carbônico. Não que o mundo um dia tenha sido só cores. Os interesses de poucos sempre movimentaram essa máquina, porém, há duas ou três décadas, não posso falar de dois ou três séculos, as coisas pareciam ser mais suportáveis.

Ontem, segunda-feira (10), assisti a três excelentes programas na TV Cultura, Roda Viva, que entrevistou o antropólogo Roberto da Mata, Cultura Documentário, sobre a vida de Charles Bukowski e A Invenção do Contemporâneo. Qual terá sido a audiência desses programas? Qual será a audiência de Entrelinhas, Vitrine, Provocações, este último, para mim, o melhor programa da televisão brasileira. Será que atingiram o Ibope de Superpop e o desfile de biquínis? Nosso tão valorizado real não é nada perto da força cambial de uma bunda. Vai começar mais um Big Brother e novamente veremos um bom jornalista se bestializar em frente às cameras. As pessoas se assustam, reclamam, matam seus filhos com as armas que eles próprios criaram, como um EUA e Afeganistão. Karl Marx dizia que o capitalismo encerra em si os germes de sua própria destruição. Estava absolutamente correto, mas nos escondeu que essa destruição seria lenta e extremamente dolorosa.

José Saramago criticava a religião e a política, dizendo que vivemos em uma falsa democracia, uma democracia mantida e voltada para poucos. Basta olhar as escolas, os hospitais, o lazer, a moradia, a condição de vida de 98 % da população. Não dá mais para acreditarmos e nos conduzirmos como se vivêssemos no Planeta Xuxa. Ontem assisti ao documetário sobre Bukowski, o último escritor norteamericano maldito, que tematizou sua vida e sua obra com prostitutas, álcool, sexo, pessoas miseráveis, experiências escatológicas (excrementos). Mesmo reconhecido, famoso e consagrado, o alemão que viveu desde cedo no submundo de Los Angeles, não exigiu para si o estrelismo, a fama, os holofotes. Conquistou apenas o direito de viver como acreditava, entre os mesmos vagabundos. Tendo escrito por vários anos por U$ 100,00 ao mês (R$ 169,00), com apenas uma refeição diária (uma barra de cereal antes de dormir), construiu uma obra respeitada por muitos acadêmicos, vertida para o cinema, e claro, pelas pessoas comuns e incomuns, como ele, publicando livros como Pulp, Hollywood, Notas de um velho safado, Ereções, Ejaculações e Exibicionismos e Crônica de um amor louco, além de várias poesias inéditas no Brasil. Bukowski nos mostrou um pouco da realidade de um mundo que lutamos para não enxergar, mas que é o nosso mundo.

Há muita hipocrisia na sociedade: perdemos a saúde, não mais com o álcool ou com as noites em claro, mas com a Claro, a televisão, com os móveis não entregues, quando entregues, não montados, com as enchentes, com os ônibus lotados, com o trânsito que rouba 20 % do nosso dia. Perdemos a saúde com o cartão de crédito, com os bancos, as músicas que entram pelos nossos ouvidos, sem que a queiramos ouvi-la, com a obrigação de votar para novamente sermos enganados, com a suspensão quebrada pelas ruas esburacadas, do carro que achamos que é nosso, mas que nos três primeiros meses do ano temos que pagar a parcela "do" Estado e a taxa "da" Prefeitura (aquela mesma que foi usada na conta do motel). Nosso suor não é nosso, pois grande parte dele pinga nos cofres públicos (e deles para os privados). Achamos que somos superiores aos animais e aos outros seres humanos, e isso nos traz felicidade. Vivemos em um país de uma legislação hipócrita, em um Mundo feudal civilizado e com a certeza de que evolução não é sinônimo de melhora.

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