terça-feira, 10 de novembro de 2009

As ciências humanas...

Com as novas tecnologias, cada vez mais as pessoas se afastam do contato com o outro e o mundo vai ganhando novas formas de convívio. Nesse aspecto, as ciências humanas foram perdendo o lugar que deveriam ocupar, não somente nas áreas de conhecimento, mas também na vida cotidiana. É claro que quando se luta pela sobrevivência, nossa satisfação passa a ser somente imediata, perdemos a capacidade (e o interesse) da contemplação. É o próprio Todorov que nos alerta para essas transformações, já que até mesmo na França, país que depois da formação dos Estados nacionais tornou-se o centro cultural do planeta, os cursos de humanas vão perdendo cada vez mais espaço para outras áreas, afetas a essa "modernização". Pouco se fala, se diz, se reflete sobre Filosofia, Literatura, Sociologia, Antropologia, História... Cada vez mais esses grupos se restringem, a meu ver, grande contradição com o que se pode obter dessas ciências. Mas o resultado disso tudo está marcado em nosso dia-a-dia. Não há tempo para ler, para falar, para estar com as pessoas. Vivemos numa corrida frenética para se chegar a lugar algum. E se não estivermos atentos a isso, acabamos caindo na inevitabilidade das consequências. Agregar valores, conhecer e somar culturas, interagir, ensinar e aprender... o que somos se não seres em constante evolução? A maior conquista é estar sempre descobrindo que muito pouco se sabe sobre aquilo que achávamos muito saber, aí estaremos sempre receptivos a novos conhecimentos. E essa é a maior resposta que as ciências humanas podem nos oferecer. Aliás, fiquei extremamente contente em saber que a Unicamp tem um curso pioneiro de Estudos Literários, em quatro anos integrais, em que o aluno, ao concluí-lo, está apto a exercer a docência universitária e a crítica literária, além de trabalhos na área cultural. Esse curso demonstra que ainda há instituições no país comprometidas com o que há de melhor em formação humana e acadêmica no mundo, assim como seus alunos, e não apenas instituições preocupadas com arrecadações exorbitantes, com as roupas que seus discentes estão vestindo, e estudantes que perdem tempo precioso com futilidades, dentro do próprio ambiente universitário, contaminados por visões preconceituosas e um despreparo intelectual motivado pela inconsciência do que fazem e querem em se tratando de suas formações.

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