domingo, 27 de setembro de 2009

A Vida Ética (Peter Singer)

Filósofo australiano, Singer causa muito polêmica pela franqueza com que trata assuntos atuais, que ainda estão sob as vestes de muita hipocrisia social, como por exemplo, qual a dívida que tem os ricos para com os pobres? Segundo Singer, quando nos equipamos de coisas surpéfluas, nos tornamos responsáveis das mortes pela fome que ocorrem nos países miseráveis, mesmo os mais distantes. Seus livros foram vetados em Congressos na Alemanha e vários protestos foram realizados nos EUA sob a alegação de ser o filósofo o "Dr. Morte", em razão da sua defesa enfática ao direito à eutanasia, caso seja preciso aliviar sofrimentos, ou em recém-nascidos que não tenham condição de sobreviver. Ele não concorda com a superioridade humana pelo critério da racionalidade, como pensam os especistas, pois sendo assim, como afirma, entre matar um porco, um cachorro ou um cavalo e uma crinaça com graves problemas mentais, à luz deste critério, morreria a criança, pois é a que tem menor capacidade de razão. É claro que neste pequeno trecho se torna perigoso discutir as ideias deste filósofo, e por isso não cito trechos mais contundentes, e polêmicos, mas ele se centraliza no seguinte fato: devemos aliviar sofrimentos (critério usado para muitas questões). Este pensar sobre sofrimento o faz igualar os animais num mesmo grau de importância em relação aos seres humanos (contra o especismo). O seguinte trecho, embora seja apenas uma citação constante em seu livro (p. 52), representa muito bem a ideia que Peter Singer tem sobre o conceito de sofrimento e felicidade, muito embora prefira falar em igualdade a direito:
"Dia virá, talvez, em que o restante da criação animal consiga aqueles direitos dos quais só poderiam ter sido espoliados pela mão da tirania. Os franceses já descobriram que o negror da pele não é razão para um ser humano ser abandonado sem misericórdia aos caprichos de um torturador. Talvez chegue o dia em que o número de pernas, a vilosidade da pele, ou a terminação do osso sacro sejam razões igualmente insuficientes para se abandonar um ser sensível ao mesmo destino. Que outra coisa poderá traçar linha intransponível? Será a faculdade da razão ou talvez a faculdade do discurso? Mas um cavalo ou cão adultos são animais incomparavelmente mais racionais, e também mais sociaáveis, que uma criança de um dia de idade, ou de uma semana, ou mesmo de um mês. Supondo-se porém que assim não fosse, de que adiantaria isso? A questão não é: Eles são capazes de raciocinar? Nem tampouco seria: Eles são capazes de falar? A questão é: Eles são capazes de sofrer?" (Jeremy Bentham)
A favor ou contra as ideias de Singer, esse tipo de texto favorece em muito nossa capacidade de reflexão, nos colocando de frente com situações fortes, contudo, tão necessárias para a construção de um mundo em que as relações precisam ser reformuladas e reconstruídas.

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