sexta-feira, 22 de abril de 2011

Irará (nascido da luz do dia)

Rousseau acreditava no homem puro em seu estado de natureza, dizendo que a sociabilidade o corrompe. Muitas das ideias deste filósofo foram confirmadas no sistema da vida contemporânea. No dia 15, deste mês, cheguei a Irará (nome que deriva de Arará, uma espécie de formiga vermelha), na Bahia. Apesar de ser uma cidade pequena do estado baiano, Irará tem nobres filhos, como o cantor Tom Zé, o pesquisador Emídio Brasileiro, Diógenes de Almeida Campos, um dos mais importantes paleontólogos do Brasil, o goleiro Dida e, para mim o mais ilustre de seus filhos, Antonio Ribeiro, meu pai.

Desbravada pelos padres jesuítas e por bandeirantes que buscavam ouro, a cidade teve como primeiros habitantes as populações dos índios paiaiás, aliás, de onde meu avô descende. Próxima a Feira de Santana, e a 137 Km de Salvador, a cidade conta com uma população aproximada de trinta mil habitantes, que sobrevivem basicamente da produção agrícola e do comércio local.

Em Irará, ao regressar à cidade após praticamente duas décadas, além de uma família maravilhosa, encontrei uma população hospitaleira, com uma rica tradição e traços marcantes de uma rica cultura, carregada pela simplicidade das pessoas e do lugar. Com o olhar de um outro, uma rápida passagem pode transformar a cidade em mais um pequeno vilarejo, iguais a tantos outros, contudo, como parte da cidade, sentimos a sua singularidade, aguçamos os nossos sentidos, para nos envolver com suas imagens, sons, odores e sabores.


Parece ser muito fácil viver em Irará, quando nos desprendemos da necessidade de transitar solitários nas multidões dos grandes centros, quando percebemos que não há uma cultura superior nas grandes cidades, quando deixamos de lado a ideia de que oportunidades de trabalho ou de estudo influenciam a nossa oportunidade de sermos seres humanos. Aliás, senti-me mais humano em Irará, em contato com o outro, com as estórias, com a natureza. Descendo para a Caroba ou para a Jurema, na roça, essas sensações se multiplicaram e intensificaram, já que ali a cultura planejada na massificação se enfraquece e se esvai.

Sem dúvida, voltarei a Irará, novamente de passagem ou para lá viver. Ao atingir meus objetivos, agora mais imediatos e reais, encherei outras malas, dividirei o que construí em mim, para multiplicar minhas experiências com as pessoas, e delas apreender muitas, iguais aos poucos dias em que pisei nas terras daquela cidade, tão bonita quanto Roma, Évora e Buenos Aires, porém, com uma dose a mais de oxigênio e de vida.

Um comentário:

  1. lendo essas linhas escritas por ti,vejo-me transportado para essa cidade ,que não conheço pessoalmente,mas da maneira que você a descreveu é como se eu tivesse estado la contemplando suas belezas,pois seu texto de tão bem narrado fez minha imaginação viajar até Irará e ouso porque não dizer sentir suas fragâncias e aromas,até mesmo a brisa vespertina ,tocando suavemente a pele do meu rosto ,rogo a Deus que me conceda a felicidade de um dia conhece-la pessoalmente, junto com sua ilustre presença meu grande AMIGO.

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