Era uma mulher que só poderia ser conhecida na maturidade, porém, que só existira na época da infância, ou melhor, da minha infância. Não é uma mulher para os tempos de hoje. Pensá-la agora é reconstruir uma personagem de cinema, que vive no mundo poético, não prosaico. As mulheres de hoje tem outros valores, necessitam de outros modelos de ser e de viver. Antes, a mulher era agredida socialmente, hoje, em sua individualidade. Os trovadores portugueses idealizavam uma mulher inatingível, e assim deveria ser, pois se cedesse aos galanteios do trovador, perderia o direito de ser louvada. Foram-se os séculos e, em muitos momentos, ouvimos cá e lá resquícios dessa tradição. Claro que o mundo evoluiu (e evolução não significa, necessariamente, mudanças positivas), houve consquistas e perdas. No século passado, Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre uniram-se com uma ressalva: a literatura e a filosofia estariam em primeiro plano em suas vidas, acima do próprio lar: não teriam filhos. Para a sociedade daquele tempo, era um fato escandaloso. Seguiram-se várias publicações dos dois autores. Sartre, no pós-guerra, defendeu a violência como forma de transformação, ideias que contribuiram para o fim de uma longa amizade com Albert Camus, escritor e filósofo francês, nascido na Argélia, que desde cedo conviveu com a miséria, a fome e a morte, e se opunha veementemente à violência.
O mundo se fragmentou, "o que foi separado não pode ser colado novamente, abandonai toda esperança de totalidade", diz o professor Zygmunt Bauman. E essa mulher, aquela de nossas infâncias, foi fragmentada. E nós, homens, fragmentados com ela. O beijo de hoje não é igual a ausência do beijo de décadas atrás. A saudade já não é mais a mesma, estamos numa locomotiva, sempre atrasada, que nos deixa na próxima estação para que entremos no próximo trem, com o intuito de se chegar a algum lugar. Há poucos trens que rompem esses trilhos, na música, na cultura, na relação com o outro, na forma de existir. Assim, muitas vezes, nos vemos recriando tempos que já não são o de hoje.
Há divas? Há príncipes? Claro que há, basta nos apaixonarmos outra vez. Assim como a poesia, a paixão ainda nos move, nos alimenta, nos revigora. Nietzche disse: "a arte existe para que a verdade não nos destrua"; Vinícius de Moraes, "a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida". Ambos, de formas diferentes, estavam se referindo às paixões. Assim, quando a arte (paixão) se torna simplesmente a verdade, é melhor retirar o quadro da parede, conservá-lo trancado em segurança, para que aquele lugar abra espaço para um novo quadro, onde caiba somente ele, para ser contemplado e admirado. Sartre valorizava a escrita, que segundo o filósofo, é "ao mesmo tempo desvendar o mundo e propô-lo como uma tarefa à generosidade do autor", identificando, assim como Bakhtin, a importância de interagir com toda leitura de mundo naquilo em que estamos expostos. Aqui, trago o conceito de arte relacionado com a vida e a multiplicidade de suas manifestações.
E aquela mulher da infância? Jamais se desconstruiu: permanece sua imagem, uma imagem nítida, clara e límpida, um olhar receptivo, alegre e intenso, uma voz sublime e serena, uma pele magnética e irradiante, uma musicalidade que só se entoa do corpo de uma mulher, perdida no tempo, viva na memória.
O mundo se fragmentou, "o que foi separado não pode ser colado novamente, abandonai toda esperança de totalidade", diz o professor Zygmunt Bauman. E essa mulher, aquela de nossas infâncias, foi fragmentada. E nós, homens, fragmentados com ela. O beijo de hoje não é igual a ausência do beijo de décadas atrás. A saudade já não é mais a mesma, estamos numa locomotiva, sempre atrasada, que nos deixa na próxima estação para que entremos no próximo trem, com o intuito de se chegar a algum lugar. Há poucos trens que rompem esses trilhos, na música, na cultura, na relação com o outro, na forma de existir. Assim, muitas vezes, nos vemos recriando tempos que já não são o de hoje.
Há divas? Há príncipes? Claro que há, basta nos apaixonarmos outra vez. Assim como a poesia, a paixão ainda nos move, nos alimenta, nos revigora. Nietzche disse: "a arte existe para que a verdade não nos destrua"; Vinícius de Moraes, "a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida". Ambos, de formas diferentes, estavam se referindo às paixões. Assim, quando a arte (paixão) se torna simplesmente a verdade, é melhor retirar o quadro da parede, conservá-lo trancado em segurança, para que aquele lugar abra espaço para um novo quadro, onde caiba somente ele, para ser contemplado e admirado. Sartre valorizava a escrita, que segundo o filósofo, é "ao mesmo tempo desvendar o mundo e propô-lo como uma tarefa à generosidade do autor", identificando, assim como Bakhtin, a importância de interagir com toda leitura de mundo naquilo em que estamos expostos. Aqui, trago o conceito de arte relacionado com a vida e a multiplicidade de suas manifestações.
E aquela mulher da infância? Jamais se desconstruiu: permanece sua imagem, uma imagem nítida, clara e límpida, um olhar receptivo, alegre e intenso, uma voz sublime e serena, uma pele magnética e irradiante, uma musicalidade que só se entoa do corpo de uma mulher, perdida no tempo, viva na memória.
Mirem nas mulheres de Atenas...
ResponderExcluirÉ o nosso mundo moderno! Hoje em dia as pessoas têm o pensamento "condensado" e não lhes sobram mais idéias avulsas. Não se fazem mais mulheres como antigamente, assim como os homens também!! Eles não ficam de fora não!!!!! Os homens eram cavalheiros, abriam a porta do carro e tal... nós mulheres nos sentimos fragmentadas também.
Acredito que o amor não muda. A forma de amar é que muda sempre, por isso cabe a nós amarmos da melhor maneira possível seja o que for porque o amor consola a dor de viver.